Sobre quem escreve.

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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"Eu quero escrever pra me esconder, pra fugir, pra buscar outros lugares, pra me encontrar. Quero escrever pra decifrar minha alma, pra sentir outros cheiros, gostos e sensações. Quero coisa nova, vida nova. Quero o desafio de me ler em cada letra de um autor qualquer e me perder em cada frase escrita por mim. Brotam-se asas, pernas, cabelos ao vento. Suspiro, grito, me encanto. Estou aqui de volta, não estou mais. Preencher linhas e entrar em desalinho, falar outras línguas, desenhar sonhos. Quero é viver! Só não quero um novo amor, já te encontrei e também já te guardei comigo. Quero sentir e voar por aí ao teu lado, ser um, ser dois, ser dois sendo um, ser melhor. Ter fé, força e coragem. Não vai faltar amor, vai ser doce e não há limites. Tudo no papel, todas as letras, pontos, exclamações e vírgulas. O amor já vive, a poesia também, eu e você. Precisa do que mais?"

terça-feira, 3 de janeiro de 2012


PALAVRAS: UM ETERNO CASO DE AMOR

Para mim, poucas coisas são melhores que escrever. A ideia aterrissa de repente e o mundo – como por encanto – parece parar. O tempo se recolhe. Tudo fica suspenso. E é só colocar o dedo no teclado (ou a caneta no papel), que o relógio instantaneamente dá seu click. A imagem descongela. A página em branco toma vida. E a história começa – sutilmente – a se desenrolar. (Mesmo que dentro de mim).
Não tem jeito. Palavras ditam minha ordem. Moldam meus capítulos. Me mostram quem sou. (E quem, na verdade, eu poderia ser). Ao escrever, tudo torna-se possível. É meu reino imaginário, onde vez por outra encontro traços reais de mim mesma.
Em palavras, eu me encontro. É a hora onde eu me sinto mais livre. Mais completa. E descubro as minhas diversas faces. Fases. E frases.
Em versos, percebo meus lados incertos. Inversos. Minhas dúvidas, devaneios e reticências... E, mesmo que me assustem, estou ali: escrita. Pronta para me ler. Reler. E me editar.
É, escrever, para mim, é meu melhor exercício. De autoaprendizado. De humildade. De aceitação. É minha terapia gratuita, tendo – como psicóloga – a mais travessa das filósofas: a literatura.
Por isso, quando as letras surgem... Bom, deixo que elas me levem! Aonde eu vou chegar? Não sei. Mas, não importa. De mãos dadas com as palavras, espero que eu consiga, de alguma forma, encontrar respostas para minhas eternas perguntas ou – quem sabe? – descobrir um pouco mais sobre mim. O que já vale, na minha opinião, um bom texto. Ou a vida.

(Palavras, eu nos declaro, marido e mulher.)

(Fernanda Mello)